Ver um bando de corvos pode ser intimidante, mas não é preciso ter medo. Os corvos não são os terríveis monstros que pensamos que são. Estas incompreendidas aves representam muitos mais do que aparentam à primeira vista.
Primeiro de tudo, o corvo é conhecido como um vigarista, um pensador e um estrategista. Não há uma situação difícil em que não se possa pensar numa maneira de escapar. Os corvos nunca foram tão respeitados e reverenciados como nas tradições indígenas americanas. Para os Haida e Kwakwaka'wakw, os corvos são tanto um deus criador como um vigarista. O corvo também é um guardião de segredos. Deram-lhe este título para reconhecer a destreza mental da ave. Existem muitas histórias, nas quais o astuto corvo utiliza o seu engenho para derrotar inimigos formidáveis.
O povo Tlingit do Noroeste do Pacífico considera o corvo como uma das antigas divindades que iluminavam o Sol, a Lua e as estrelas e os tiravam do mundo das trevas e da ignorância. Isto pode interpretar-se como que eles levavam sabedoria. Fizeram-no ao enganar a gaivota para abrir a sua caixa de ofertas. Por isso, graças ao corvo, pode começar o primeiro dia. Isto foi interpretado, nalguns círculos, como que o animal trouxe conhecimento a algumas tribos antigas. Em muitos contos, o corvo pode transforma-se noutro ser e desta forma levar a cabo os seus truques. Por este motivo, este animal é um símbolo perfeito para a transformação.
Ao longo da história, os corvos ocuparam postos importantes em vários campos de batalha. Eles são carniceiros, e portanto, estão muito associados à morte. Na verdade, ver um corvo em sua casa significa morte iminente na crença popular. Este conceito tornou-se o ponto principal de um dos poemas mais famosos de Edgar Allan Poe, O Corvo. Nele, o corvo oferece ao protagonista do poema a oportunidade de se comunicar com o seu amante falecido. E, por sua vez, dá-lhe uma oportunidade de explorar os seus próprios medos sobre a vida após a morte. O facto dos corvos passarem muito do seu tempo a apodrecer a carne faz deles um mau presságio e prevê a chegada de tempos perigosos para muitos animais.
Para muitos, os corvos são guardiões das almas perdidas. Por exemplo, para os suecos, os corvos são os fantasmas das vítimas de assassinato. Quanto aos alemães, para eles os corvos são as almas dos condenados. Os corvos foram o primeiro símbolo da deusa celta Morrigan, a reina da batalha e da guerra. Esta ligação deve-se ao factos de que costumavam aparecer nos campos de batalha da antiga Europa. Claro, eles apareceriam à procura da carne dos ossos de soldados mortos. Na mitologia nórdica, também encontramos esta lenda. A filha de Odín, Valquiria, tem o poder de decidir quem vive e quem morre no campo de batalha. As Valquirias, eram retratadas a dar voltas nas batalhas com corvos ao seu lado.
Inclisive, Odín estava sempre acompanhado por dois corvos: Huginn e Muninn. Um controlava o processo do pensamento, enquanto que o outro supervisionava a intuição: a forma de funcionar mais profunda da mente ou da memória. Ambos eram o Google mitológico de Odín, já que copilava informação do mundo inteiro e levava às mãos do Pai de Todos. Mas, Odín não foi o único deus que reuniu informação desta forma. Tal como, os cisnes, os falcões e os lobos, os corvos eram os mensageiros do deus grego Apolo. No entanto, uma lenda diz que eles perderam a sua posição porque eram muito faladores.
Na verdade, a sua natureza tagarela deu-lhes problemas noutras tradições folclóricas. De acordo com os gregos, os corvos já foram pássaros completamente brancos. No entanto, eles foram amaldiçoados por dizerem demasiadas coisas fora do lugar. As suas penas ficaram negras como sinal do seu infortúnio. Há também uma versão cristã da história. Na história de Noé, após o grande dilúvio, o corvo não voltou para Noé depois de ter sido enviado para encontrar terra seca. E, como castigo de Deus, ele recebeu as suas penas negras.
Nas tradições pagãs, os corvos são como “familiares", ou seja, animais que estão espiritualmente ligados a bruxas, como seria um gato preto. Os pagãos acreditavam que, unindo-se a um poderoso espírito animal, poderiam se conectar com a energia primordial da Mãe Natureza e, desta forma, eles se tornariam seres mais desenvolvidos e mais fortes. O corvo é também um mensageiro wiccano e tem a capacidade de se mover com facilidade e elegância entre os reinos do físico e do espiritual.
Na Europa, eles veem estas aves como guardiãs e protetores muito próximos do deus galês Bran o Bendito. Segundo a lenda, eles enterraram a cabeça dele na colina branca em Londres, sob o olhar atento de seus amados corvos. Eles fizeram-no para impedir qualquer futura invasão da Grã-Bretanha. Foi o lendário Rei Artur quem lhe cortou a cabeça, mas os corvos não saíram do seu lugar. E diz-se que esse lugar é onde a Torre de Londres está agora.
Enquanto os corvos permanecerem calmos na torre, a Inglaterra nunca cairá vítima das forças invasoras. Não há como dizer se há alguma verdade nesta superstição, mas uma coisa é clara: na sua longa história após os dias do Império Romano, a Grã-Bretanha ainda não caiu nas mãos de invasores. E sim, um bando de corvos ainda chama oficialmente a Torre de Londres de “casa”.
O corvo é realmente um todo-terreno. Ele move-se durante o dia, e traz vida e morte aos humanos enquanto cuida do mundo que ajudou a criar. A personalidade dos corvos é complexa e contraditória, assim como as suas características animais.
O que simbolizam as tatuagens de corvos?
Representam diferentes características, incluindo:
- Inteligência e astúcia
- Engano e deceção
- Um presságio de enfermidade e desgraça
- Criação e nacimento
- Previsão
- Mensageiro dos deuses
- Cura e medicina